sábado, 10 de maio de 2008

Jornalismo Assistido por Computador

O Jornalismo viu o Computador e a Internet aparecerem e com estes houve toda uma revolução a nível de métodos de trabalho e contacto entre as pessoas. Assim o Jornalismo teve que mudar, que evoluir, teve que parar de se sujeitar apenas à ideia de um jornalista andar na rua trabalhando como investigador, seguindo pistas, declarações e testemunhos que o levariam à verdadeira contextualização do facto. Este processo não é considerado errado, no entanto já não conseguia acompanhar o ritmo a que o Mundo andava, a Internet transformou o Mundo, deu-lhe um grande balanço, deu-lhe progressão e maior rapidez de conectividade entre as pessoas. Claro está que uma profissão tão essencial como o Jornalismo que nos mantêm informados do que se passa à nossa beira e mais longe, teve que também se adaptar a este novo balanço proporcionado pela Internet.

Esta profissão nunca foi considerada estável, seja pela sua própria base de existência, a realidade social (a imensidade dos factos da vida), seja pelos seus métodos de produção noticiosa que dependem, também, da técnica. Hoje em dia a tecnologia é um bem precioso para todas as pessoas, o jornalismo, como já referido, não pode deixar a corrente da modernidade rular sem ele estar inserido, ele está sempre a actualizar-se. Actualiza-se claro está nas notícias, sendo uma das mais importantes vertentes do conteúdo noticioso, a actualidade, mas actualiza-se também no seu método de trabalho.

Assim verifica-se uma imensa relação entre o jornalismo e as mais diversas tecnologias digitais – sendo neste caso o computador pessoal e a Internet, daí se denominar de Jornalismo assistido por computador. JAC é basicamente ter a ajuda do Computador, principalmente da Internet, para o processo de “news-gathering”, Garrison (1998) afirma que Computer assisted Reporting (CAR) é “anything that uses computers to aid in the news-gathering process”. A Internet usada correctamente pode ser uma grande vantagem para o jornalismo, no entanto usada incorrectamente, é uma perda de tempo e quando não se verifica as fontes, põe-se em perigo a veracidade jornalística.

As consequências da Internet para o campo da comunicação são intermináveis e atingem em cheio o jornalismo. Passa a existir a dúvida se os textos informativos que podem ser encontrados na World Wide Web podem ser classificados na rubrica dos géneros narrativos. Estudos recentes mencionam essas publicações como Jornalismo Assistido por Computador (JAC), a partir da contribuição inglesa de Computer Assisted Journalism (CAJ), que traduz as inovações que o computador veio trazer ao jornalismo nas suas diferentes vertentes, desde a captação de notícias até o respectivo tratamento e distribuição das mesmas. “O computador por si representa já um instrumento extraordinário de fazer Jornalismo, mas um computador ligado à Internet será cada vez mas imprescindível na profissão. Em rede um computador acede a fontes de informação, diversas e longínquas, que contextualizam as informações obtidas de fontes directas e próximas. Receber notícias directamente das agências noticiosas, buscar informação na Internet é algo trivial que um computador possibilita, trivialidade que, no entanto, altera radicalmente, a forma de investigar, tratar e redigir as notícias próprias.” (Fidalgo, 2002:2).

A primeira vez que foi de facto utilizado o Jornalismo assistido por computador foi em 1952, nas eleições presidenciais, quando a CBS empreendeu a Remington Rand UNIVAC para prever o desfecho da corrida entre Eisenhower e Stevenson. Uma década depois, pioneiros como Philip Meyer e Elliot Jaspin começaram com sucesso a implementar esta técnica. Portanto nos anos 80, cada jornalista já possuindo o seu computador, podia já começar a ter esta ajuda nas suas tarefas. “Nos tempos actuais, o desenvolvimento do jornalismo irá fundamentar-se numa maior aplicação da tecnologia digital na produção noticiosa.” (Lage, 2002 : 154).

É então compreensível que as técnicas jornalísticas sigam os passos do desenvolvimento tecnológico. "The reporting preceded the technology. If there had been no computers available for the Detroit riot survey, I would have used a punched-card sorter" (Meyer, personal communication, November 16, 1999). Ou seja, apesar da progressão das tecnologias e de todas as ajudas que o jornalismo pode ter agora para conseguir sobreviver numa sociedade também mais exigente, são sempre as técnicas bases, investigar, procurar, estar atento e actual, que vão dominar o Jornalismo, "Technology on its own doesn't do anything. You have to have a story idea and skills and the interest in order for the technology to be mobilized...It's reporters and stories that drive computer-assisted reporting." (Mellnik, personal communication, November 16, 1999).

“Qualquer observador dirá, sem esforço, que a introdução dos computadores modificou bastante a prática do Jornalismo. Alguém que estude bem o assunto, no entanto, concluirá que essa modificação é mais profunda do que parece à primeira vista e que o processo de mudanças está longe de terminar: na verdade, promete tornar-se permanente.” (Lage, 2002: 108). O que acontece é que se está a tentar iniciar a inserção do estudo de JAC no Reino Unido, no entanto muitas pessoas continuam a contestar que este não deve ser ensinado pois é supostamente algo que não carece de aprendizagem, ou que não é necessário. Para além disso, mesmo que se conseguisse implementar uma disciplina para a aprendizagem desta técnica de pesquisa, não há suficientes profissionais que de facto entendam este novo bem para o jornalismo. Mas que JAC veio para “ficar” é actualmente um facto.

Sem comentários: